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Câmera Obtusa de Rosângela Rennó fotografa Bordallo Pinheiro

Câmera Obtusa A peça em outro ângulo

Num diálogo constante entre várias formas de olhar o Mundo, as peças da coleção WorldWide Bordallianos (WWB) são portadoras de uma beleza ímpar e de um constante questionar sobre o quotidiano. Assim, nasce mais uma obra com assinatura Bordallo Pinheiro – Câmera Obtusa, de Rosângela Rennó – décima segunda da coleção. Auxiliada por pequenas criaturas, do universo bordalliano, prende-nos o olhar e a alma com a sua câmera de faiança.

O projeto WorldWide Bordallianos reúne alguns dos principais nomes da arte contemporânea, desafiando-os a reinterpretar o legado de Raphael. Esta escultura, da artista plástica Rosângela Rennó Smith, evoca a resistência à obsolescência de uma arte (fotografia) cada vez mais substituída pelos telemóveis e o imediatismo desta tecnologia. 

Nas palavras da própria autora: “A ideia da fotografia como documento nasceu vinculada ao princípio físico da câmera obscura, na medida em que tudo que atravessasse espectralmente aquele território mágico do interior do aparelho fotográfico seria capturado para sempre numa superfície frágil (de vidro, filme ou papel), assegurando para sempre a sua existência. Essa prática está à beira do desaparecimento, mas percebemos focos de resistência em certos objetos aparentemente inocentes que povoam o nosso quotidiano. A persistência da imagem da câmera em objetos não fotográficos talvez nos queira dizer que temos de proteger do esquecimento o que é a origem dessa arte, num momento em que a produção de imagens parece sujeitar-se à comunicação entre portadores de um telemóvel. Sempre desejei criar um desses objetos, esses falsos inocentes que imitam uma câmera, mas não fotografam, e com a Bordallo Pinheiro nasceu a ocasião perfeita. Na cena construída, o animismo da fauna bordalliana invade uma câmera Rolleiflex reproduzida em faiança, com uma dezena de bichos ora a invadir ora a escapar de um aparelho que tenta resistir à obsolescência. Sem saber muito bem como se comportarem, podem ter perdido o foco ou até mesmo a noção da sua utilidade. Na epifania destes bichos fantásticos não importa se entram ou saem da câmera obscura, nem quem é sujeito ou representação, criador ou criatura.”

Nuno Barra, administrador da Bordallo Pinheiro, frisa que "esta coleção caminha no sentido de vir a ser uma das mais importantes da arte cerâmica. Isso é comprovado através da valorização significativa de algumas das suas peças. O plano para o futuro é ambicioso e o objetivo é mesmo torná-la numa referência internacional, que dentro de algum tempo dará origem a exposições magníficas.”

Esta nova peça numerada e limitada a 135 exemplares, já se encontra disponível na loja online www.bordallopinheiro.com , e nas lojas físicas, pelo valor unitário de 1.350€.

 Sobre Rosângela Rennó

 Nascida em Belo Horizonte, Brasil, em 1962, Rosângela Rennó formou-se em Artes Plásticas pela Escola Guignard e em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais, e é doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP. A sua obra é marcada pela apropriação de imagens descartadas, encontradas em flea markets e feiras, e pela investigação das relações entre memória e esquecimento. Nas suas fotografias, objetos, vídeos ou instalações, trabalha com álbuns de família e imagens obtidas em arquivos públicos ou privados. É também autora de diversos livros. A artista, recipiente de inúmeros prémios e bolsas ao longo da sua carreira, participou em inúmeras exposições individuais e coletivas por todo o mundo, e a sua obra está representada nas mais prestigiadas instituições culturais, entre as quais o Art Institute of Chicago; Moma, Nova Iorque; Centre Georges Pompidou, Paris; Guggenheim Museum, Nova Iorque; Museu de Arte de São Paulo; Museo Nacional Reina Sofia, Madrid; Fundação Gulbenkian – CAM, Lisboa; Tate Modern, Londres; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre várias outras.

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