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Sérgio Lourenço

Sérgio Lourenço na zona quente da fábrica junto a um dos vidreiros Acompanhando o dia-a-dia da laboração No showroom localizado na fábrica com algumas das peças em cristal mais emblemáticas e premiadas Acompanhando uma vista de embaixatrizes à fábrica em Alcobaça Numa das viagens, neste caso a Londres, junto do Palácio de Buckingham Em Santorini Sérgio Lourenço acompanhado pela filha Uma foto dos tempos em Moçambique

Sérgio Condeço Lourenço é o convidado desta edição da newsletter My Visabeira. Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em junho de 1970, veio para Portugal com 5 anos, altura em que os pais resolveram regressar do Brasil. É colaborador do Grupo Visabeira desde 1997. Casado, pai de uma menina de 7 anos, residente em Viseu.

Licenciado em Organização de Empresas e Gestão Empresarial no ISCTE, Sérgio Lourenço conta nesta conversa como foi a sua admissão na empresa, qual o percurso desempenhado em várias funções e os projetos a curto e médio prazo.

Entrada no Grupo Visabeira

A admissão de Sérgio Lourenço no Grupo Visabeira foi relativamente rápida. O gestor começou por nos revelar como tudo aconteceu. “Foi muito simples. Entreguei o meu CV na sede da empresa, na altura num edifício localizado no centro histórico de Viseu e, dois dias depois, recebi um telefonema para realizar testes e uma entrevista. Sei que em menos de um mês já estava dentro de um avião a viajar para o Funchal. Foi precisamente na ilha da Madeira que iniciei a minha colaboração que até ao dia de hoje tem sido enriquecedora com a passagem por diversos projetos e negócios, algo que me satisfaz plenamente”.

Um Grupo que impressiona desde logo

Ao iniciar funções num grupo com a dimensão e a diversidade da Visabeira, Sérgio Lourenço teve a imediata noção que pela frente tinha um grande desafio, uma vez que, como contou “assumem-se de imediato enormes responsabilidades, obviamente pela função desempenhada mas, também, pelo peso de representar um Grupo com o nome da Visabeira. Devo referir que no início os maiores obstáculos seriam uma formação desajustada e a óbvia falta de experiência no setor das telecomunicações. No entanto, para mim, transformou-se numa oportunidade ímpar para a procura e aquisição de conhecimento no menor espaço de tempo possível de modo a estar à altura das exigências. Não posso esquecer, ao mesmo tempo, a confiança que em mim foi depositada, logo numa fase inicial da minha carreira profissional. Esse fator é algo que guardo desde início, estando, naturalmente, grato por tal”.

Duas décadas com passagem pelo Funchal, Ponta Delgada, Nampula, Maputo, Caldas da Rainha, Ílhavo e Alcobaça.

Como já foi referido, Sérgio Lourenço começou a colaboração com o Grupo Visabeira na ilha da Madeira. Na primeira pessoa, traçou o percurso de 21 anos, desde essa primeira experiência até ao momento atual.

“Comecei como diretor regional da Madeira na área das telecomunicações e, cerca de um ano depois, fui para os Açores com as mesmas funções, onde permaneci até 2001. Ainda nesse ano abracei um novo projeto que viria a ter um impacto marcante na minha carreira profissional tendo em conta a experiência a diversos níveis adquirida, tendo sido, igualmente marcante e única a nível pessoal. Baseado em Nampula tive como responsabilidade a gestão das operações de toda a Zona Norte de Moçambique que incluía a direção geral de uma empresa de madeiras, a coordenação das operações de telecomunicações da Zona Norte e a coordenação de diversas filiais de empresas do Grupo. Paralelamente, foi iniciado um projeto de recuperação de um edifício emblemático da cidade onde o grupo construiu um hotel, um centro comercial e dois pisos de escritórios, culminando com a sua inauguração em 2005. Entre 2006 e 2010, já em Maputo, executei funções em várias empresas como diretor-geral e diretor financeiro. Regressei a Portugal em 2010 onde assumi as funções de “plant manager” da Bordallo Pinheiro para mais tarde, em 2011, ingressar na VAA mais propriamente na Unidade do Cristal e do Vidro em Alcobaça. Entre apoio à direção industrial da unidade de Alcobaça e um ano em Ílhavo foi-me proposto, em 2014, a direção industrial do negócio do cristal e do vidro, função que desempenho atualmente”, recordou.

Vidro e Cristal “ou se odeia de imediato, ou se apaixona eternamente”

Dirigir a fábrica da Vista Alegre dedicada à produção do vidro e do cristal é algo que agrada ao nosso entrevistado, tanto mais que nesta altura a empresa está numa fase de afirmação desse setor que ganha cada vez mais visibilidade internacional, de resto, reconhecida com diversos prémios à escala global. Sérgio Lourenço adianta que o seu dia-a-dia é muito motivante.

“Uma coisa lhe digo, os meus dias na empresa não são nada rotineiros o que para mim é muito interessante. Além do “daily business” que abrange de forma transversal a empresa, estamos numa fase agitada, no bom sentido, com vários novos projetos de produtividade e de produto em desenvolvimento”.

Não admira, pois, que liderar uma fábrica como esta tenha para Sérgio Lourenço um sabor especial. “Disso não me resta qualquer espécie de dúvida”. E, porquê? : “Eu costumo dizer que quem chega a este negócio, e eu já passei por muitos, ou o odeia de imediato ou se apaixona eternamente. Não há espaço para o meio-termo. Eu pertenço, claramente, ao segundo grupo. Esta unidade é única do tipo no país e pertence a um grupo muito restrito a nível mundial como produtora de cristal superior. Além disso, o facto da cor do nosso vidro ser incorporada na composição é, igualmente, um fator diferenciador. Mas, o mais interessante é a magia da arte vidreira sustentada nos nossos mestres vidreiros que ao longo dos anos desenharam as suas aptidões para produzirem as mais belas peças de cristal. Amiúde, quando mostro o nosso ‘show room’ a quem quer que seja, refiro que ali está o resultado da magia que acontece na fábrica onde as peças andam constantemente nas mãos carinhosas dos operadores”, referiu com orgulho.

O cristal da Vista Alegre, como é comummente referido, é dos mais puros que se fabrica a nível mundial. Tem características próprias como sublinhou Sérgio Lourenço. É, por isso e não só, uma “marca” com elevado prestígio e notoriedade, sendo muito respeitada no setor.

“O que nos distingue dos principais concorrentes, sem dúvida alguma, são a qualidade do nosso cristal, o nível de serviço, a flexibilidade e a competência que apresentamos aos nossos clientes no desenvolvimento de novos produtos. Não nos podemos esquecer, de todo, que a nossa produção é manual. Segue processos ancestrais que foram transmitidos de geração em geração. Os nossos vidreiros, além da enorme paixão que têm pelo que fazem, são muito bons na arte. Pessoas competentes e dedicadas, a quem quero deixar uma palavra de enorme apreço e de estímulo. Porém, não ficaria de bem com a minha consciência, se não incluísse, nesta referência, todos os colaboradores das restantes áreas, para além daqueles que fabricam o produto. Em todas as secções da fábrica temos pessoas dedicadas e que se entregam de ‘alma e coração’ a cada projeto seja no vidro ou no cristal”. 

Criação de uma academia de formação na fábrica

Sendo o capital humano um dos principais ativos da unidade de cristal da Vista Alegre, em Alcobaça, tivemos curiosidade em saber como é feita a formação de novos profissionais e se está assegurada a continuidade do tipo de produção manual. O diretor da empresa está confiante no futuro do setor. Sérgio Lourenço deu disso nota nesta conversa.

“A arte vidreira resulta das competências e habilidades dos vidreiros que a empresa tem ao seu dispor. Na chamada ‘zona quente’, para termos uma ideia, um bom mestre vidreiro necessita de vários anos de experiência para chegar ao topo da hierarquia de competências, o designado oficial marisador. Mas, tal como nesse setor, também na ‘zona fria’ não se formam profissionais de acabamento em meses. Basta pensar nos lapidários, recuperadores de obra, gravação a caneta, escultura, entre outros. O mercado não dispõe de profissionais com a formação necessária e, assim sendo, a formação tem que ser realizada ‘in house’. Temos que encontrar a melhor forma de cativar jovens para o negócio através de planos de formação e perspetivas de evolução de carreira atraentes, dado que, essa dificuldade é uma realidade. A criação de uma academia do vidro na fábrica, com o propósito de cativação e formação de jovens para o negócio, seria uma mais-valia nesse sentido, de modo a garantir a vertente manual do mesmo no futuro. Esse é um projeto a dar corpo no mais breve espaço de tempo possível.

Tradição com tecnologia de ponta

A unidade de Alcobaça, mais conhecida como “Atlantis”, tem como base o trabalho “artesanal” dos seus vidreiros. No entanto, é uma fábrica tecnologicamente avançada e que tem vindo, desde que a Vista Alegre foi adquirida em 2009 pelo Grupo Visabeira, a modernizar-se em permanência.

Sérgio Lourenço fez questão de destacar esse pormenor considerado da maior importância para a competitividade do negócio e equilíbrio ambiental.

“A aquisição do grupo VAA pelo Grupo Visabeira para esta fábrica foi uma lufada de ar fresco. Nos últimos anos os investimentos realizados tinham sido basicamente os mandatários para a manutenção do negócio. Com o Grupo Visabeira, e através do seu principal acionista, surgiu uma visão diferente para o futuro da unidade. Desde um maior cuidado com as instalações, ao investimento em fornos mais competentes do ponto de vista dos consumos energéticos e com mais flexibilidade, equipamentos automáticos de lapidação, de colagem por UV, de gravação a laser, projetos de inovação com universidades, entre outros, neste momento em curso e em fase de implantação. No entanto, não posso deixar de sublinhar algo que começou a fazer toda a diferença. Refiro-me concretamente àquilo que classifico de posicionamento adequado para mercados de excelência. Com essa nova visão comercial e de internacionalização que é, de resto, transversal a toda a Vista Alegre (porcelana e cristal), a empresa e os nossos produtos deram um enorme salto, benéfico a todos os níveis”, sublinhou. 

Uma fábrica muito visitada e em série televisiva

A unidade de vidro e cristal, para além da própria fábrica onde se produzem as peças de excelência, tem um museu e um show-room, para além de uma loja de venda ao público. Dada a sua especificidade, o complexo, localizado em Alcobaça, desperta o interesse em estudantes e não só. Não admira, pois, que anualmente sejam realizadas dezenas de visitas ao espaço, sendo possível ver de perto a produção, através de um corredor que circunda a zona quente, onde se vêem os fornos, a massa incandescente a centenas de graus centígrados, e a conformação das peças. “A especificidade, a unicidade da empresa e o peso da marca, antes Atlantis e agora Vista Alegre, são fatores que motivam várias visitas a esta unidade. O encanto de uma produção manual e do manuseamento de um material nobre como o cristal ou vidro é sempre cativante e, na maioria dos casos, surpreendente. Recebemos grupos escolares, excursões, individualidades, clientes e os ‘media’de uma forma regular. Em 2016 a fábrica foi até palco de filmagens de uma serie juvenil que passou na TVI”, relembrou Sérgio Lourenço.

Um produto associado ao luxo – orgulho de todos – administração e funcionários

Saber que as peças de cristal VA são utilizadas, por exemplo, para engarrafar vinhos, cognac, whiskeys caríssimos e muitas vezes raros, é uma mais-valia para a marca. Como é que os colaboradores e a administração sentem esse posicionamento? O diretor da unidade não hesita em responder:

“O facto de sermos fornecedores das principais marcas de cognac do mundo, de marcas altamente prestigiadas de vinho, whiskey, rum e de outros espirituosos, assegura, inequivocamente à marca, um reconhecimento no mundo do cristal e na sua valorização. Este reconhecimento é efetuado através da associação da marca Vista Alegre a marcas de luxo internacionais. A evidência de encontrarmos em vários pontos do globo, por exemplo nos aeroportos, as nossas garrafas parceiras de marcas de luxo, não pode deixar de ser um orgulho para os trabalhadores e para administração”.

Mas, as peças de cristal da Vista Alegre vão muito para além da utilização no engarrafamento de bebidas e na decoração. Há peças que são fabricadas exclusivamente para troféus desportivos, estando a marca associada a grandes eventos, no país e no estrangeiro, nas mais diversas modalidades, desde o futebol ao golfe, passando pelo ténis e automobilismo. Isso também é motivo de regozijo para todos, enaltece Sérgio Lourenço.

“Claro que sim, sem margem, para dúvidas. Sabermos que temos troféus para o Estoril Open, para a Vuelta a Espanha em bicicleta, patrocinados pela Ágatha Ruiz de la Prada, para a Taça da Liga de Futebol, em Portugal, para o Azores Ladies Open em golfe, para o Expresso BPI Golf Cup, para o Royal Caribbean Golf Trophy, entre muitos outros eventos, são alguns exemplos representativos do prestígio da nossa marca e produtos dentro e fora do nosso país”.

Vista Alegre – vidro e cristal – um projeto ímpar na carreira do gestor

Do ponto de vista mais pessoal, e com 21 anos dedicado a inúmeros projetos no seio do Grupo Visabeira, quisemos saber qual o mais marcante. Sérgio Lourenço sublinhou que o Grupo Visabeira lhe deu “a oportunidade de participar em vários projetos todos eles aliciantes que me marcaram de uma forma ou de outra. No entanto, saliento o atual projeto na VA Cristal e Vidro que tem sido muito gratificante e um desafio ímpar na minha carreia e, claro, todos aqueles em que ainda estarei envolvido no futuro”. Quanto às ambições a nível profissional, Sérgio Lourenço não tem dúvidas: ”são continuar a aprender crescendo em conjunto com o Grupo Visabeira”.

Episódio simples e inesperado nas histórias de duas décadas

Das muitas situações curiosas vividas nestas duas décadas de ligação profissional e emocional ao Grupo Visabeira, Sérgio Lourenço optou por recordar uma simples, vivida em Moçambique, mas que o marcou neste seu já considerável percurso na empresa. 

“Escolho um acontecimento ocorrido em 2005 durante a inauguração do edifício Nampula, em Moçambique, por ser totalmente inesperado e imprevisto. Como já referi nesta nossa conversa, o Grupo procedeu a uma recuperação de um edifício onde construiu um hotel de 4 estrelas, um centro comercial e área de negócios. O empreendimento foi inaugurado pelo então Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Gebuza. Como seria de esperar, a cerimónia contou com a presença de inúmeros convidados, ilustres personalidades portuguesas e moçambicanas. Estava prevista uma visita guiada a toda a comitiva para conhecer o imóvel. Na altura de iniciar essa mesma visita guiada, inesperadamente, recebo indicação do nosso presidente de que era eu que seria o responsável pela condução da visita. Essa indicação do engenheiro Fernando Nunes, apanhou-me totalmente de surpresa, pois não estava a contar ser eu a realizar tal missão. Recordo que o fiz com todo o gosto e creio que me saí bem!”. 

Para lá da empresa

Como qualquer gestor que se dedica com afinco aos projetos que dirige e nos quais se empenha muitas horas diariamente, também Sérgio Lourenço não dispõe, no dia-a-dia, de muitos tempos livres.

Não admira, pois, que os que tem “são dedicados por inteiro à família e à leitura. Durante a minha adolescência devorei, essencialmente, livros policiais. Hoje sou mais abrangente. Recentemente, acabei de ler um livro do Paulo Coelho e iniciei a leitura de “ cem anos de solidão” de Gabriel José García Márquez”.  

Já nas férias, “a minha principal opção recai nas viagens, já que gosto imenso de viajar, de preferência sempre para sítios diferentes. Os mais recentes foram Puerto Rico, Calabria e Manchester.

Apesar de diariamente fazer vários quilómetros no interior da unidade fabril, também não dispenso algumas caminhadas mais descontraídas para manter a forma física”.

O pertencer ao universo do Grupo Visabeira

A concluir a conversa com os colaboradores entrevistados na “Nossa Gente”, uma pergunta sacramental: O que sente em ser colaborador do Grupo Visabeira. Eis a visão de Sérgio Lourenço: “É o assumir de um compromisso constante com o mesmo e com a sua cultura de empresa, perseguindo os objetivos traçados. É igualmente um sentimento de pertença a algo que faz parte de nós”.

 

 

 

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