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Arte e Devoção em exposição no Museu Vista Alegre até final de 2019

Apontamento musical na abertura da mostra Momento da inauguração Visita guiada à exposição Instalação patente até final de 2019 Joana Fernandes, Filipa Quatorze, Paulo Pires, padre Gustavo Fernandes, Rui Almeida, Ana Bidarra e padre Manuel Joaquim Estevão da Rocha Uma das áreas da exposição Peças Vista Alegre personalizadas para a Diocese de Aveiro em 1938 Pratos da mesma coleção

O Museu Vista Alegre, distinguido pelo Prémio Regiostars 2018 da Comissão Europeia, na categoria “Escolha do Público”, no âmbito da requalificação profunda do Lugar da Vista Alegre, em Ílhavo, inaugurou no dia 4 de outubro a sua nova exposição temporária: “A Porcelana Vista Alegre na Diocese de Aveiro: Arte e Devoção”. Esta exposição, organizada pela Vista Alegre e Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja da Diocese de Aveiro, pode ser visitada todos os dias, incluindo fins-de-semana, até 31 de dezembro, das 10h às 19h. A entrada é livre.

A inauguração da exposição contou com a presença de Joana Fernandes, do padre Gustavo Fernandes e de Ana Bidarra, membros da Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja da Diocese de Aveiro; do padre Manuel Estevão da Rocha, Vigário Geral da Diocese de Aveiro; de Rui Almeida, do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja e ainda de Paulo Pires, presidente da Comissão Executiva da Vista Alegre e de Filipa Quatorze, responsável do Museu Vista Alegre.

A centenária Fábrica de Porcelana Vista Alegre, localizada em Ílhavo, frente ao espelho de água do rio Bôco, destaca-se no panorama europeu por integrar nas suas coleções uma diversidade extraordinária de objetos de natureza religiosa, que cruzam diferentes épocas de produção e formas de expressão. 

A ligação ao sagrado remonta às origens e à própria localização geográfica da Vista Alegre. Foi no Lugar da Vista Alegre – assim conhecido pelas alegadamente milagrosas águas de uma fonte setecentista ali localizada –, que o fundador da Vista Alegre, José Ferreira Pinto Basto, decidiu instalar a primeira fábrica de porcelana do país e da Península Ibérica, naquele que foi o primeiro grande empreendimento da Revolução Industrial portuguesa. Quando o fundador da marca adquire a Quinta da Ermida e terrenos adjacentes, para ali instalar o arriscado empreendimento da produção de porcelana, a única e surpreendente edificação pré-existente em todo o espaço era uma capela inacabada, mandada construir por pagamento de uma promessa a Nossa Senhora da Penha de França pelo bispo D. Manuel de Moura Manuel. 

E foi precisamente ao redor deste local sagrado, classificado como Monumento Nacional desde 1910, que o fundador estruturou todo o projeto de construção da Vista Alegre, que incluiu a unidade de produção de porcelana, a sua residência, e um dos mais completos bairros operários do país, dotado de inéditos equipamentos sociais e culturais, fruto da sua visão humanista e visionária. 

A representação do sagrado encontrou a sua expressão mais complexa, quer ao nível formal, quer artístico na Vista Alegre desde os primeiros anos da sua produção. De facto, logo em meados do século XIX, a par com o fabrico tradicional de figuras clássicas, a Vista Alegre inicia a produção de imagens devocionais: peças em porcelana vidrada; elevadas sobre peanhas; decoradas a policromia e ouro, replicavam imagens ao estilo barroco em madeira, marfim ou barro. A sua iconografia reproduzia o imaginário religioso à época com incidência na representação de Santos, cenas da vida da Virgem Maria e de Cristo. Destinadas a oratórios e ao culto privado é por isso frequente encontrarem-se exemplares em coleções particulares. 

A exposição “A Porcelana Vista Alegre na Diocese de Aveiro: Arte e Devoção” revela ao público essa ligação entre a arte da porcelana e a devoção, reunindo peças de Paróquias da Diocese de Aveiro, de colecionadores privados e do espólio do Museu Vista Alegre. A porcelana Vista Alegre apresenta-se, nesta exposição, como um reflexo das relações entre as práticas devocionais e as representações artísticas e património vivo e vivido, em partilha permanente com as comunidades.

O conjunto diversificado de objetos em exposição, com diferentes suportes materiais, estilos, técnicas decorativas, épocas e origens, procurou facilitar o cruzamento de diferentes linhas de interpretação: a encomenda, de caráter privado ou institucional; a produção, com as suas especificidades técnicas e artísticas; e, por último, a dimensão religiosa, associada à devoção, representação e explicitação do Sagrado. 

A organização dos objetos no espaço expositivo enquadra as vivências do tempo religioso, seguindo os ritmos do Calendário Litúrgico, das devoções e rituais. Deste modo, procurou integrar-se, para além dos objectos, referências aos contextos de uso e devoção. 

No catálogo da exposição, D. António Manuel Moiteira Ramos, Bispo de Aveiro, afirma: “A Vista Alegre mostrou-se, desde cedo, audaz no campo da arte da porcelana, sobretudo por ter investido em ultrapassar as várias dificuldades deste caminho. Procurou conhecer para iniciar. Procurou aperfeiçoar para melhor servir. Somos todos testemunhas disto mesmo, e a Comunidade Cristã não é exceção. As peças de porcelana fabricadas pela Vista Alegre para o serviço do culto e devoção dos cristãos são marcadas por uma beleza ímpar, sempre destacando a sua delicadeza que nos atrai e nos eleva à Fonte da Beleza, Deus.”

Nuno Barra, Administrador da marca centenária de porcelana portuguesa, acrescenta: “Ao entrarmos em qualquer loja da marca, dentro ou fora do país, rapidamente nos apercebemos do espaço central da representação religiosa na produção da Vista Alegre. O lugar de destaque é imediatamente ocupado pela escultura, arte maior, que muitas vezes se cruzou com a iconografia cristã. As representações de Nossa Senhora atravessaram os quase duzentos anos de existência da Vista Alegre, sendo a imagem de Nossa Senhora da Conceição um dos modelos mais antigos. A fé e o sagrado, que distinguem a produção da Vista Alegre de todas as outras do mundo, continuarão a fazer parte da história da marca”, garante o responsável.

 

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