A Temporada Portugal-França 2022, iniciativa para celebrar a relação e os laços culturais, sociais e de amizade entre os dois países, materializada pela realização de mais de duas centenas de projetos e eventos, contou também com o lançamento de duas andorinhas especiais da Bordallo Pinheiro, evento com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
As duas peças resultam do desafio lançado pela Bordallo Pinheiro às artistas Manuela Pimentel e Kashink para que criassem duas andorinhas representativas de Portugal e de França.
Tendo por base a clássica Andorinha de Raphael Bordallo Pinheiro, as duas autoras criaram as “Andorinha do Beiral” e a “Liberté Chérie”.
A andorinha-dos-beirais é uma espécie de anúncio da primavera. Um corrupio de entradas e saídas que nos põem de olhos voltados para cima com o som de festa que chega de todos os telhados.
Antigamente dizia-se que as casas ricas tinham telhado triplo, com a eira, a beira e a tribeira, como era designada a parte mais alta, onde figuravam por vezes exuberantes telhas esmaltadas a azul e branco. Nas casas mais modestas construía-se somente a tribeira, o que originou o velho ditado "sem eira nem beira", usado para caracterizar estados de pobreza. Foi com este simbolismo que a autora criou esta andorinha contemporânea, dotando-a de uma camuflagem que a descaracteriza de qualquer estrato social.
A andorinha Liberté Chérie foi inspirada nas cores da bandeira francesa, mas juntando-lhe detalhes que evocam o trabalho da autora. Os múltiplos olhos sobre as asas são emblemáticos de personagens que pinta nos muros, símbolo do seu trabalho sobre a identidade. O coração na cabeça é, por sua vez, uma mensagem de esperança que contrasta com as asas negras.